Era como se não nos vissemos há anos.É que já se passavam tantos anos realmente.
Olhar distorcido e a boca coberta empedindo que eu lhe fitasse os lábios.Como estariam depois destes anos?Ainda seriam os mesmos como nos tempos de leitura em que um olhava a boca do outro para perceber a sintonia existente enquanto estudavam um texto qualquer?
Mistério não revelado.
Sentado em uma cadeira recostada na parede daquele quarto,seu semblante era de alívio após ver minha entrada.Mal sabia ele que era eu quem me sentia a mais aliviada das pessoas no mundo.
Nem bem entrei na sala ele como um dos dançarino de tango de Felizes Juntos*(como tantas vezes já haviamos sonhado em fazer)me estendeu a mão e segurei bem forte seguido de um abraço apertado.Não me interessava saber naquele momento se eu podia ou não agir daquela maneira.O que me interessava era o nosso sentimento.
E então olho a olho novamente eu o acalmei.Ele beijou minhas mãos.Eu retribui lhe dando um beijo próximo a boca.E como dois bobos nos deixamos levar pela emoção de nossa amizade.As lágrimas não foram vergonha para nós dois,velhos companheiros de palco e de vida.
Que não nos falte histórias.
Que não nos falte alegria.
Que não nos falte a esperança.
Que não nos falte a vontade.
Que não nos falte a vida.
Sempre um ao lado do outro.
Força Lucas!
AMO-TE
*Filme de Wong Kar-Wai.Conta a história de um amor gay decadente em Buenos Aires embalado por muito tango.
Respeitosamente Mary Ferreira
